sábado, 10 de setembro de 2011

Literatura de Cordel

Para descansar a mente, vamos transcrever algumas estrofe de Literatura de Cordel.
Ah! Que Saudade Danada do sertão de Antigamente.
Manoel Monteiro

Saudade não mata gente
Porque se fosse verdade
Eu já teria morrido
De tristeza na cidade,
Mas quando a saudade acossa,
Fecho os olhos, volto à roça,
Subtraindo a idade.

Vejo o casarão no sítio
Com sua grande janela,
Seus portais de aroeira,
A porta larga, a tramela,
O banco onde me sentei,
A sala donde escutei
Muitas cantorias nela.

O pote numa forquilha,
Os copos numa mesinha,
Entre o corredor, os quartos,
Que chamavam camarinha,
Na frente um vasto terreiro,
Atrás de casa, um poleiro
Dormitório de galinha.

Lembro os pássaros cantando
Nas tardinhas de verão,
O xexéu, o bem-te-vi,
O concriz, o azulão,
O canarinho romântico
Musicando com seu cântico
A catedral do sertão.

O choro do juriti
O tiziu que faz, tiziu,
O nhambu chamando a fêmea
Que o caçador feriu,
A  barulhenta algazarra
De um bando de gangarra
Só sabe contar quem viu.

Lembro o balanço da rede
No alpendre da vivenda,
Nosso pedaço de terra
Que alguns chamam fazenda,
O perfume da coalhada,
Odor de terra molhada,
Profuso cheiro de venda.


Nenhum comentário:

Postar um comentário